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Jorge Wilheim (esq) e Oded Grajew debateram sobre o que é preciso para um desenvolvimento verde

A formação de um novo “contrato social” entre Estado, mercado, produtores e sociedade e a necessidade de prioridades ambientais para orçamentos de prefeituras combinados com pressão social e informação sobre dados urbanos: essas foram, de maneira bem sintética, as resoluções a que chegaram os palestrantes da mesa “Cidades sustentáveis”, da Conferência Internacional Ethos 2012, Jorge Wilheim, arquiteto e urbanista; e Oded Grajew, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo.

Com o objetivo de expor os dilemas e desafios para comprometer sociedade, governos e empresas com o desenvolvimento sustentável das cidades, a mesa teve início com a exposição de Wilheim, um dos maiores urbanistas brasileiros, autor de dezenas de projetos arquitetônicos, além de ex-secretário municipal do planejamento na gestão Mário Covas (1983-1986). No início de sua fala, o arquiteto afirmou que são três elementos que sustentam o desenvolvimento de uma cidade: tecnologia, recursos e trabalho. Para que haja mudanças significativas, alterações culturais nas empresas são necessárias, segundo o palestrante. “Se queremos mudar para uma economia verde, as empresas precisam mudar”, disse.

Na sequência, Wilheim citou a obsolescência programada de eletrônicos que as companhias não expõem para o consumidor, além de criticar o fato de os governos ainda valorizarem muitas empresas poluentes porque elas “aumentam o PIB”.

Nos momentos em que o mundo discute crises financeiras internacionais, a pauta ambiental fica um pouco de lado. De acordo com o urbanista, é a sociedade que precisa definir se a questão verde é prioridade ou não. Além disso, Wilheim afirmou que a sociedade capitalista precisa se modificar radicalmente para se adaptar à economia verde. Isso seria feito com base em um novo “contrato social”, assim como descrito pela teoria de Rosseau, após a Revolução Francesa, entre Estado, mercado, produtores e sociedade, para que os bens e relações se transformem de acordo com as necessidades ambientais.

Redivisão do orçamento e participação popular

O coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, iniciou sua palestra atentando para a prioridade que é preciso conceder às cidades na sociedade atual. “Nas cidades as questões vão se decidir. Quando se fala em recursos naturais, é nas cidades que eles se consomem. É nelas que veremos o caminho que devemos percorrer”, disse.

Grajew aponta duas questões como primordiais para se repensar o desenvolvimento sustentável: o aumento de recursos de prefeituras para a questão e a participação popular ativa. No primeiro caso, o estabelecimento de metas para que os políticos as cumpram no decorrer do mandato é a tática do palestrante. Ele citou o programa Cidades Sustentáveis, que visa impor uma agenda ambiental a políticos que se candidatem às prefeituras nas eleições de 2012. “É muito importante que as cidades tenham recursos para medidas sustentáveis”, afirmou.

Para que planos como esse funcionem, é preciso que a população se interesse pelas causas sustentáveis, de acordo com o palestrante. Entre a própria plateia da conferência, poucos sabiam em quantos distritos a cidade de São Paulo é dividida (96) e que cerca de metade deles não possuem sequer um ponto de cultura e lazer. Por fim, Grajew também citou o financiamento público de campanha como um caminho para a sustentabilidade. “No Brasil e em muitos países, quem financia as campanhas é quem tem relações nada sustentáveis com o meio ambiente. Se a gente não debater o financiamento de campanha, não sairemos do lugar. Os políticos são cobrados por quem os financia”, disse.

Ao fim das palestras, os participantes da mesa puderam formular propostas que serão apresentadas nos “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, da Rio+20.


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